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Queijo D’Alagoa é o “parmesão” mineiro

Com personalidade ímpar, eles é festejado por chefs como Alex Atala

Robert Halfoun
Curador


Alagoa, cidade mineira no Caminho Velho da Estrada Real, na Serra da Mantiqueira, a mais de 1000 metros de altitude, não tem nem 3 mil habitantes. Destes, cinquenta produzem leite de vaca ou queijo. Apenas um, no entanto, faz uma joia da nossa gastronomia, festejada por nomes como Alex Atala: o Queijo do Coronel. 

 

O queijo Coronel é maturado por seis meses e recebe banho de azeite de oliva local


Chamá-lo de tipo parmesão é meio pejorativo, mas é um começo de conversa. Maturado no mínimo por seis meses e que já passou de mil dias em alguns raros e preciosos casos, o queijo tem DNA próprio. É picante, mas doce, intenso e de aromas pronunciados. 

 

Alex Atala e Osvaldinho: “Imensamente agradecido”, como ele costuma dizer 


Ele é obra de Osvaldo Martins de Barros Filho, o Osvaldinho, sujeito simples que começou a produzir queijo para ajudar um conhecido até que “garrou amor” pela coisa e começou a matutar sobre o produto que fazia. “Sempre gostei de queijo curado, mas aqui em Alagoa preferem o queijo fresco. Há uns três anos, deixei umas peças maturando e elas ficaram um espetáculo! Me chamaram de doido: ‘Osvaldinho, cê vai perder dinheiro, o queijo vai perder peso!’. Realmente, a peça diminui, mas o sabor cresce de um tanto...”

 

A caixa do Queijo Coronel: tratamento especial em edições limitadas


Cada peça pesa entre quatro e meio a cinco quilos e meio, fruto do processo de amadurecimento de 60 litros de leite cru. São edições limitadas, vendidas sob encomenda, recobertas por palha e acondicionadas em caixas de madeira, como pérolas do campo.

 

A pacata Alagoa é a cidade mais alta das Terras Altas da Mantiqueira, no Sul de Minas, entre Itamonte e Aiuruoca


Mas que história é essa de Coronel, Osvaldinho? É uma homenagem ao Coronel Porfírio Mendes Pinto, um dos primeiros pecuaristas de Alagoa, cujas fotos espalhadas pelas instituições públicas da cidade povoam até hoje o imaginário coletivo da cidade.  

 

A loja dos Queijos D’Alagoa vende produtos de vários produtos locais


Faz tempo, é o próprio Osvaldinho que vem virando lenda em Alagoas. Foi pelas mãos dele que, em 2009, ele começou a vender queijo pela internet, para ajudar o Sô Batistinha, que era explorado pelos intermediários. Hoje, ele transformou o Queijo D’Alagoa numa marca forte, que empurra a produção de vários queijos dos produtores locais. Mas esse é um causo para outra conversa…