Tem burburinho e uma estrela Michelin no coração do elegante 6º Distrito, em Lyon, na França. O pequeno, aconchegante e moderninho Les Apothicaires é um estouro. O motivo para tanto é a haute cuisine criativa e antenada que a brasileira Tabata Mey (coach da equipe francesa no Bocuse D’or – o maior “campeonato” de alta cozinha do mundo!)  faz com o francês Ludovic Mey. 

Tabata Mey e Ludovic Mey: haute cuisine criativa com uma estrela Michelin, no Les Apothicaires, em Lyon

 Ela é cria do mestre Bocuse, ganhou estrela Michelin (citada nominalmente no guia), quando assumiu a cozinha do intempestivo chefe.

Nicolas Le Bec e carrega no currículo o título de primeira chef mulher de um restaurante de Paul Bocuse, quando o assumiu, à convite do próprio, a cozinha do Marguerite, o projeto mais moderno da lenda da gastronomia. 

A cozinha do Les Apothicaires traz modernidade no conceito e na apresentação, mas uma simplicidade e conforto louváveis na boca

Ficou por lá por pouco mais de um ano, quando resolveu rodar as cozinhas do mundo, ao lado do marido, o Ludovic Mey. Foi para o oriente, Amazônia, mergulhou na cozinha nórdica de  Renée Rezepi. Juntou todas as referências que   adquiriu e criou o Les Apothicaires (os apotecários, em português), numa referência clara à ideia de experimentação. 

Lombo de vaca, selvagens, vitela e trufa negra com salmão fumado e rillettes, ovos de lúcio defumados, terrine de foie gras, tamarindo e endívia. Meia lagosta em bisque com sumo de cenoura e missô 

Apotecário significa farmacêutico, aquele que preparava os remédios. Hoje, o termo designa também um estilo de decoração baseado no visual das farmácias antigas, com móveis que remetem a elas, com frascos de vidro amostra. Eles também estão no restaurante da Tábata e do Ludovic, mas não trazem elixires para cura dentro deles. As prateleiras das estantes revelam conservas dos mais variados tipos feitas pelo casal e usadas com muita elegância nos pratos, igualmente elegantes – e surpreendentes. 

Couve branca e acelga prensada, creme de couve e alho negro, picles; Lula, chuchu e tártaro de algas

A cozinha do Les Apothicaires instiga o comensal com composições que trazem modernidade no conceito e na apresentação, mas uma simplicidade e conforto louváveis na boca. Aqui, a gente reconhece o que come, com sabores delicados e execução impecável, do primeiro ao último prato, em menus que variam de dois a três cursos, no almoço, e quatro a seis, no jantar. 

Um detalhe fala muito sobre a filosofia do casal: o restaurante com um único garçom no qual os próprios cozinheiros levam os pratos às mesas, funciona de segunda a sexta e fecha nos fins de semana. Tábata diz que é para relaxar a mente e deixá-la livre para voltar a criar nos dias de labuta – o cardápio varia diariamente, uma  vez que só trabalham com ingredientes frescos. 

E também para curtir o  Antoine, o Gabin e o Raphaël, os filhos fofos e gostoso como o bolinho de chuva que a brasileira apresentou aos franceses e está fazendo o maior sucesso. 

Les Apothicaires – 23 rue de Sèze, Lyon