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A feijoada vegana do João Gordo

Punk fez sucesso com o prato “free pig” em espaço alternativo

 

Quarta-feira, 4 de outubro. Dia de São Francisco de Assis, protetor dos animais. E mais um santo-dia de feijoada vegana  preparada pelo punk guloso João Gordo, vocalista da banda Ratos de Porão. 

 

 

O prato é ótimo! Tanto que fez o maior sucesso quando servido na Central Panelaço, espaço alternativo no Bixiga,  bairro da vanguarda paulistana, com arte, discos, cerveja, produtos sem crueldade animal e música alta. 

A ideia do Gordo é desmistificar o conceito de comida vegana fazendo uma feijoada com cara e gosto de feijoada. “A referência de aparência e paladar é a carne e buscamos fazer algo similar com soja e legumes.”  

 

 

Vegano há anos, João Gordo, mudou o seu hábito alimentar de forma gradual, desde que fez uma cirurgia bariátrica, quando pesava 210 quilos. “A carne passou a ficar muito indigesta e fui abrindo mão.” Aí, veio a questão ideológica. “A gente adota muitos animais, está envolvido nessa causa e isso influencia, sim.” 

 

O que não mudou na vida do Gordo é a vontade comer: “Nasci pesado, atacava a geladeira, adorava doce de padaria”. Durante a semana, se fartava num cardápio com muito arroz e feijão, ovo frito e salada de tomate. Aos sábados, churrascão. Aos domingos, macarrão com frango, salada de batata e Tubaína. “Lembro a primeira vez que fui a um rodizio de pizza. Fiquei uns dois dias me preparando para comer muito. A pizza era salgada e eu ia beber água na pia do banheiro.”   

 

Aos 30 anos veio a obesidade mórbida, numa fase sem limites. “O ápice das doideiras: feijoada às 5h da manhã, bacon, torresmo, coxinha, bebida alcoólica, drogas. Quase morri e daí iniciou uma reviravolta na minha vida.” 

 

Nessa fase, apareceu Viviana Torrico, com quem se casou e teve dois filhos, Victória e Pietro. “Eu não tinha medo de morrer. Estava tão doido que tudo parecia engraçado, mas queria ter uma família.” 

 

Agora, literalmente mais leve, a base da alimentação do Gordo é guacamole, húmus, cebola caramelada e um tipo de pão boliviano. “Adoro sanduíche com um monte de coisa picante. Minha larica me deixa comer o tempo inteiro se quiser.” E ele come de tudo, exceto quiabo. “Parece uma catarrada na panela”. 

 

O prazer em cozinhar sempre existiu, contudo, foi o vegetarianismo que o fez se dedicar mais às receitas. “Precisava preparar os meus rangos e sempre fiz tudo na mãozada. Gosto de escutar o barulho da comida e vou pensando, fazendo e me envolvendo com o preparo.”  

 

O processo pode ser visto no programa Panelaço, no YouTube (veja quadro).

Ali, ele utiliza ingredientes comuns em sua cozinha. Além da soja, a jaca verde garante muita versatilidade na hora de elaborar um cardápio. “É barato, dá para congelar em pequenas porções e ir usando em diversas receitas. Funciona como um frango desfiado ou carne moída. Combina com tudo”, ensina o cozinheiro que não curte cogumelos. “Só se forem alucinógenos